Curupira


Corpo de menino — de curu, abreviação de curumi e pira, corpo. O curupira é a mãe e o pai do mato, o gênio tutelar da floresta que se torna benéfico ou maléfico para os frequentadores desta, segundo circunstâncias e o comportamento dos próprios frequentadores.

Figuram-no como um menino de cabelos vermelhos, muito peludo por todo o corpo e com a particularidade de ter os pés virados para trás e ser privado de órgãos sexuais. A mata, e quantos nela habitam, está debaixo da sua vigilância. É por via disso que antes das grandes trovoadas se ouve bater nos troncos da árvores e raízes das samaumeiras para certificar-se que podem resistir ao furacão e prevenir aos moradores da mata do próximo perigo.

 a sua guarda direta está a caça, e é sempre propício ao caçador que se limita a matar conforme as próprias necessidades. Ai de quem mata por gosto, fazendo estragos inúteis, de quem persegue e mata as fêmeas, especialmente quando prenhes, quem estraga os pequenos ainda novos! Para todos estes o curupira é um inimigo terrível. Umas vezes vira-se caça que nunca pode ser alcançada, mas que nunca desaparece dos olhos sequiosos do caçador, que, com a esperança de a alcançar, deixa-se levar fora de caminho, onde o deixa miseravelmente perdido, com o rastro por onde veio desmanchado. Outras, o que é muito pior, o pobre do caçador alcança a caça, até com relativa facilidade, e a flecha vai certeira embeber-se no flanco da vítima, que cai pouco adiante, com grande satisfação do infeliz. Quando chega a ela, porém, e vai para a colher, em lugar do animal que tinha julgado abater, encontra um amigo, o companheiro, um filho, a sua própria mulher.

Os contos de caçadores vítimas do curupira são contos de todos os dias no meio indígena dos moradores tanto do rio Negro como do Solimões, Amazonas e seus afluentes.




(Em Cascudo, Luís da Câmara. Antologia do folclore brasileiro. 2ª ed. São Paulo, Livraria Martins, 1954, v.2, p.351-352), organização Ermano de Stradelli.
DESENHO:Walmor Corrêa

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Godzilla


O lendário Godzilla, foi com certeza um dos primeiros personagens japoneses a ganhar fama no mundo ocidental. Pode-se dizer que Godzilla, o monstro gigante capaz de destruir a cidade de Tóquio, tenha sido uma resposta ao ataque nuclear de Hiroshima e Nagasaki. Sua estreia foi em 1954, um período difícil pós guerra em que o Japão enfrentava a falta de recursos financeiros.

O produtor Tomoyuki Tanaka queria fazer um filme de mosntros (conhecidos como kaiju eiga). Tanaka procurou a Toho Studios e, em parceira com o técnico de efeitos especiais Eiji Tsuburaya, o diretor Inoshiro Honda e os roteiristas Takeo Murata e Shigeru Koyama, criou o Gojira, uma criatura aterrorizante, cujo nome era uma mistura de gorila e kujira (baleia, em japonês).
Nos filmes, Gojira era retratado como uma gigantesca e assustadora criatura pré-histórica(Um Godzillasaurus, que se encontrava congelado), que sofreu mutação devido à radiação atômica, sendo esta uma explicação para seu enorme tamanho e poderes estranhos. Ele representava o medo de muitos japoneses de um novo ataque nuclear, como de Hiroshima e Nagasaki.

m 1956, seu nome passou a ser Godzilla, o Rei dos Monstros, quando foi lançado uma versão nos Estados Unidos. A partir daí, virou a estrela de quase 30 filmes, tornando-se um dos monstros mais famosos do planeta e inspirando outros personagens do gênero Kaiju eiga, como “Mothra”, “Gamera”, “Rodan”, King Ghidorah e Anguilas.





Até o momento, foram 28 filmes de Godzilla, em que o monstro iconográfico assume uma variedade de papéis – de vilão nuclear a herói nacional. Em um filme ele é o anti-herói que destrói uma cidade inteira, em outro ele luta contra a agressão humana e a ameaça alienígena com igual desenvoltura. Em 1962, “Godzilla vs King Kong ” foi um sucesso de bilheterias no Japão.

"História e origem do clássico Godzilla" por Japão em Foco em 10 DE OUTUBRO DE 2012 post original em:http://www.japaoemfoco.com/

E para quem gosta de Rock, aqui vai a música que a lendária banda dos anos 70 Blue Öyster Cult fez em homenagem ao nosso querido Go Go Godzilla!!

http://www.youtube.com/watch?v=ln8-Y-fIbqM

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Ciclope

                       
 O Ciclope, escrito, conforme se acredita, antes de 425 a.C., é o único drama satírico que pôde ser recuperado integralmente na contemporaneidade. Por isso, é testemunho singular, capaz de demonstrar como se compunha esse gênero dramático na 
Antiguidade. Tal gênero, situado nos primórdios da arte teatral grega, era dedicado, como a Tragédia, ao deus Dioniso. 
 Contudo, esta tornou-se mais política (e política no
sentido de exclusiva do mundo da pólis) à medida que foi-se ocupando dos mitos heroicos próprios da Épica, ao passo que o Drama Satírico conservou claramente a força dionisíaca animal e primitiva graças à presença obrigatória dos sátiros (companheiros do deus do Vinho) no seu coro. Estes lhe conferiram a mistura entre o sério e o bufo, o que colocou esse gênero dramático entre a Tragédia (pela nobreza das mesmas personagens heroicas) e a Comédia (pela presença do riso malicioso e alegre dos sátiros e de sua licenciosidade natural).
Para compor seu drama, Eurípides se baseou no episódio do Canto IX da Odisseia em que Ulisses, retornando do árduo combate em Troia, vê-se desviado de sua rota de volta para Ítaca e, com seus companheiros, desembarca na ilha dos ciclopes.

Estes, já em Homero, são descritos como criaturas gigantescas e monstruosas que possuem apenas um olho no meio da testa.
A peça inicia-se com o desembarque de Odisseu e sua tripulação na ilha da Sicília, aos pés do Etna, para onde são lançados por fortes tempestades marítimas. Esse foi o reduto escolhido pelo dramaturgo para situar sua ação, já que a lenda hesiódica identificava-o como esconderijo das forjas de Hefesto (deus do Fogo), para o qual trabalhavam os ciclopes, artífices dos raios de Zeus. A partir de então, toda a encenação gira em torno dos protagonistas: o herói da Odisseia, Sileno (pai dos sátiros) e o
monstro Polifemo, rodeados pelo coro satírico. 





Os gigantes de um olho só são pintados por Eurípides como seres horrendos, disformes e incrivelmente brutos, de natureza selvagem e inclusive canibalesca.

PAIVA, Robert Kelly:"O universo do grotesco e do monstruoso retratado no Ciclope de Eurípides e na Centauromaquia de Ovídio", UFMG, 2009

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